Combate a perda de água tratada


A implementação de programas de combate a perdas de água tratada permite que concessionárias de saneamento tenham mais receita para investir: essa água passa a ser faturada e também investimentos são evitados quando necessitam expandir a produção, uma vez que as companhias passam a contar com fonte de abastecimento até então não aproveitada.


Marcelo Furtado, especial para Hydro

Data: 05/04/2017

Edição: Hydro Fevereiro 2017 - Ano XI - No 124

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O combate às perdas de água tratada só será incorporado ao cotidiano das empresas de saneamento se a atividade passar a ser encarada pelo viés econômico, aquele que de fato justifi caria as ações corretivas e preventivas. Reforça esse fato saber que, segundo cálculo recente da consultoria GO Associados, o Brasil manda para o ralo R$ 8 bilhões por ano, equivalentes à perda fi nanceira total de 39% que não entra na receita do setor. O não-faturamento se refere a 6,5 bilhões de m3 de água tratada/ano.

Para convencer os gestores sobre o aspecto econômico da questão, porém, mais importante do que compreender a gravidade dos números apresentados pela consultoria é entender a dinâmica de implementação dos programas de combate a perdas das principais companhias de saneamento do mundo. E assim perceber que elas encaram a ação de controle como um meio para ter mais receita para investir, visto que essa água passa a ser faturada, e para evitar investimentos quando necessitam expandir a produção, uma vez quepassam a contar com fonte de abastecimento até então não aproveitada.

O viés econômico fi ca mais claro ainda quando as companhias começam de fato a preparar seus planos e metas. Para começar, elas nem sempre defi nem como áreas prioritárias para adoção de programas de caça a vazamentos aquelas com os maiores índices de perdas. Para tomar suas decisões, elas incluem mais dois outros fatores na equação: o custo de produção e de transporte de água na região. Isso signifi ca que se em um local as perdas são as mais elevadas, mas o custo de produção é baixo, por ter fonte de água bruta abundante e de boa qualidade, o que demandará também um tratamento químico mais ameno, essa região não será a prioritária.

Já uma situação inversa explica a escolha pelas áreas mais visadas pelos programas. Uma região com custo elevado de tratamento, por ter mananciais poluídos ou porque a água bruta necessita de correções sofi sticadas, mesmo não sendo a de maior índice de perdas da área de distribuição da companhia, de forma muito provável será a que receberá as maiores atenções. Essa política de priorização evita investimentos muito altos, que precisam ser repassados para a tarifa, o que só se justifica quando há retorno econômico com o aproveitamento das perdas.

Tem essa visão para implantar sua política de combate a perdas a companhia paulista de saneamento, a Sabesp. “O combate a perdas não é um fi m em si, mas um meio de tornar o serviço público mais efi ciente, com custo operacional reduzido e, principalmente, com uma tarifa menor para o cidadão”, explicou o presidente da Sabesp, Jerson Kelman. Segundo ele, a companhia tem se norteado dessa forma para direcionar seus investimentos em controle de perdas, que chegam na atualidade a um montante de R$ 400 milhões/ano e que já totalizaram R$ 3,8 bilhões desde que o Programa Corporativo de Redução de Perdas de Água foi implementado em 2009.

É por esse motivo, por exemplo, que a região metropolitana de São Paulo é uma prioridade para a companhia. Isso porque o custo de produção de água na região é altíssimo, uma vez que se utiliza de represas poluídas, assim como o de transporte da água, visto as grandes distâncias e a topografi a acidentada que suas tubulações precisam atravessar para chegar nas torneiras dos consumidores.

Segundo o gerente de gestão do programa de redução de perdas, Alex Orellana, a partir das ações implementadas o índice de perdas da micromedição (IPM, que inclui as reais e as aparentes) caiu 2,6 pontos percentuais, passando de 34,1% para 31,5% (outubro de 2016). Essa redução corresponde a uma economia de cerca de 130 milhões de m3, volume sufi ciente para abastecer uma população de mais de 1,4 milhão de habitantes por ano, o equivalente a soma dos municípios de Osasco, Santos e Franca. A meta, ainda de acordo com o gerente, é alcançar até o fi nal desta década um IPM de 29,9%, correspondente a um nível de perdas físicas de 19,4%.

Formas de combate

As perdas físicas ou reais são decorrentes de vazamentos em redes e ramais e ocorrem em virtude do envelhecimento e fadiga dos materiais, por problemas na qualidade ou por falhas na sua instalação. O extravasamento em reservatórios também é considerado um tipo de perda física. Já as perdas aparentes (ou não-físicas) são provenientes de fraudes, ligações clandestinas, falhas no cadastro comercial e submedição em hidrômetros.

O combate a perdas físicas inclui gerenciamento de pressões, controle ativo de vazamentos não-visíveis, agilidade e qualidade nos reparos de vazamentos e melhoria de infraestrutura, com troca de ramais e trechos com maior incidência de vazamentos. Além disso, para as aparentes, há uma frente de trabalho na Sabesp para identificação de fraudes, com vistorias frequentes nos ramais.

Uma aposta da empresa é a formalização de contratos de desempenho para projetos de controle de perdas, aqueles em que as empresas contratadas por licitações bancam o projeto e são remuneradas pelos resultados de economia obtidos. Até o momento foram 12 contratos concluídos com foco na redução das perdas reais, gerando uma economia de 1100 litros por segundo, o suficiente para abastecer cerca de 350 mil pessoas, e investimentos na ordem de R$ 170 milhões.

Em 2015, o modelo de contrato de desempenho foi replicado para reduzir perdas aparentes nas áreas de alta vulnerabilidade social, quando os contratados implantam a infraestrutura nos locais e são remunerados pelo novo volume de água que passa a ser micromedido pela base da Sabesp. Há 8 desses contratos em andamento para regularizar 56 mil ligações e investimentos de R$ 53 milhões. De modo geral, são contratos de 60 meses onde se implantam o escopo em 12 e se remunera em 48 meses.

Concessionárias privadas

Se é para o controle de perdas de água ser encarado pelo aspecto econômico, no caso das concessionárias privadas de saneamento o argumento é forte. Isso porque esses grupos atuam em um negócio com retorno de longo prazo, com altos investimentos e margens apertadas. Ter custo operacional enxuto, portanto, sem desperdícios, torna-se crucial para manter a lucratividade.

Um olhar sobre o programa de combate de perdas de um dos principais grupos privados no Brasil, a Aegea Saneamento, dá uma dimensão perfeita sobre esse cenário. Com 13 concessionárias que atendem 47 municípios em 9 Estados, a empresa criou programa especial para enfrentar o problema em todas elas, visando diminuir as perdas reais provocadas por vazamentos invisíveis, os mais difíceis de serem detectados e reparados.

O sistema foi nomeado como Gestão e Controle de Perdas (GCP) e se baseia em seis pilares: gestão de micromedição; detecção e regularização de fraudes; gestão de pressão; controle ativo de vazamentos; velocidade e qualidade de reparos; e gestão de infraestrutura.

Segundo Silva, esse percentual almejado para a média de todas as concessões é, na verdade, o que a Aegea já praticamente conseguiu em suas operações maduras, na Águas Guariroba, de Campo Grande, MS, e na Prolagos, da Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. A média de perdas das suas duas principais concessionárias é de 23,7%.

O caso da Águas Guariroba, aliás, é considerado emblemático. Lá foi adotado um programa de redução de perdas (PRP) em 2006, quando a rede herdada na cidade apresentava o altíssimo índice de 56% de perdas totais (reais e aparentes). Um amplo trabalho, com investimento em tecnologia, melhorias operacionais e capacitação dos trabalhadores, fez hoje a concessão ostentar o baixo índice de 19%, apenas um pouco acima do que internacionalmente é considerado o padrão de excelência (15%).

Para conseguir os ganhos, em Campo Grande as ações envolveram a troca de hidrômetros antigos, a calibração/troca de micromedidores, o combate à fraude, a subdivisão de setores de fornecimento de água (microssetorização), o controle da mínima noturna (volume de água disponibilizado durante a noite, quando o consumo é menor) por meio de telemetria, geofonamento noturno para detectar vazamentos não-aparentes, ações preventivas, mais agilidade no reparo de rompimento de tubulações e, por fim, maior controle de qualidade dos materiais.

Uma outra vertente que está sendo levada muito a sério no programa da Aegea para detecção e combate aos vazamentos é a da chamada “smart water”, que permite com que as redes de distribuição de água sejam sensoreadas com telemetria. Com isso, todos os dados coletados são enviados para um centro de controle onde há uma central específica de perdas.

A partir daí os dados são processados por software de gestão de redes, que monitora e analisa a eficiência da distribuição de água. “A ferramenta permite a detecção precoce de anomalias na rede e gera insights que podem identifi car as razões de tais ineficiências”, diz Silva. As análises podem ainda ser convertidas em relatórios gerenciais, que podem melhorar a gestão do sistema. Já instalado na Águas Guariroba e na Prolagos, o sistema está sendo aplicado na Nascentes do Xingu, empresa do grupo Aegea que tem 24 concessões no Mato Grosso, uma no Pará e 4 em Rondônia. Em 2017, o software de controle será adotado nas cidades que a Aegea tem concessão no sul do país. “Com isso, vamos monitorar 80% do volume de perdas das nossas concessionárias”, diz Silva.

A Aegea vai investir em 2017 até R$ 51 milhões em combate a perdas. Além das ações em controle e automação, os aportes envolvem ações para microsetorização, reparos das redes, geofonamento noturno, troca de hidrômetros e combate a fraudes.

Cura em 120 minutos

Pow-R Wrap é a solução da Fernco para reparo de tubos de qualquer material e diâmetro. Trata-se de uma manta de fibra de vidro com resina hidroativada e epoxy com carga metálica de cura rápida (120 minutos). O produto resiste a temperaturas de até 300ºC e pressões de até 20 kg, pode ser usado em ambientes molhados e suporta óleos, químicos, ácidos e solventes. Também repara trincas ou furos de ¼” (12,5 mm) a 4” (100 mm).
Site: www.fernco.com.br

Inspeção de tubulações

O sistema Rovver X, comercializado pela Sondeq, possui 12 opções de rodas, dispositivo de elevação da câmera e do trator, iluminação adicional e diversos acessórios que possibilitam sua configuração em segundos, permitindo inspecionar tubulações de 150 a 1800 mm (6 a 72 polegadas) de diâmetro. O equipamento é tracionado por seis rodas com avanço proporcional, que aliadas a motores elétricos potentes, facilitam a transposição de obstáculos. O equipamento também faz gravação de vídeos, gera relatórios impressos e digitais, os quais podem ser exportados diretamente a um software de gerenciamento de integridade.
Site: www.sondeq.com.br

Reabilitação

Os tubos Relining, da Hobas, são adequados para a reabilitação de tubos com DN 150 a DN 3600 mm. A técnica cria um novo sistema “tubo dentro de tubo” à prova de vazamento, que tem a qualidade de um novo tanto em termos estruturais quanto hidráulicos. O espaço anular que fica entre o tubo novo e o de revestimento é preenchido com argamassa, fixando assim o novo tubo no lugar certo. Os tubos podem ser inseridos na tubulação existente utilizando métodos de inserção, arraste, flutuação, condu- ção e estouro.
Site: www.hobas.com.br

Geofones digitais

A GLDS conta com uma linha de geofones eletrônicos digitais de baixo custo para detecção de vazamentos de água não visíveis por métodos não destrutivos a 15 metros de profundidade. Dotados de tecnologia SMD digital, microprocessados, têm maiorsensibilidade e volume, com supressor de ruído digital que consegue eliminar sons indesejáveis em qualquer situação de uso. Os geofones e hastes de escuta foram projetados para uso diário e profissional e possuem cinco anos de garantia.
Site: www.glds.com.br

Serviços de engenharia

A Enops realiza serviços de controle e redução de perdas e de eficiência operacional com remuneração por resultado alcançado, por meio de contrato de performance. Todos os investimentos são feitos pela Enops, desde o projeto até a pré-operação do sistema. Os serviços incluem, por exemplo, projetos e implantação de setorização; controle ativo de vazamentos com monitoramento e pesquisa em campo; eficiência energética e hidráulica; controle e otimização da micromedição; e pesquisa e detecção de fraudes e ligações clandestinas, entre outros.
Site: http://enops.com.br

Conexões metálicas

As abraçadeiras de aço da FGS Brasil para reparo de tubulações de PEAD são fornecidas em diversos diâmetros e atendem aos mais variados tipos de reparo. A empresa também dispõe de uma linha completa de PEAD incluindo conexões de eletrofusão, termofusão, conexões mecânicas de polipropileno, transições, válvulas, colarinhos, máquinas de solda e ferramentas.
Site: www.fgsbrasil.com.br

Automação

A família XL de controladores programáveis com IHM incorporada, da Novus, é formada por equipamentos que integram entradas e saídas digitais, analógicas e especiais, interface com o operador, comunicação com mais de 30 protocolos e ainda memória expansível para registro de dados e backups.
Site: www.novus.com.br