Fios soltos, enrolados e mal instalados são uma paisagem comum nos municípios brasileiros. Com a crescente demanda por serviços de banda larga e a necessidade de ocupação dos postes pela fibra óptica, o desafio tende a se tornar cada vez mais complexo. Além da esperada regulamentação conjunta pelas agências de energia (Aneel) e telecomunicações (Anatel), que deve ser publicada ainda neste ano com as regras sobre o assunto, a convivência ordenada entre os provedores de Internet e distribuidoras de energia requer uma abordagem inovadora e disruptiva, capaz de realmente trazer uma saída para o problema.

Foi pensando nisso que Fabiano Vergani, Ivonei Lopes, Andrea Rebechi de Abreu Fattori e Guilherme Weiand, profissionais com vários anos de experiência no setor de telecom, decidiram apostar no desenvolvimento de uma solução inédita para o compartilhamento de postes, que une hardware, plataforma, modelo de negócio e governança. A Fixer, empresa criada há dois anos, vai iniciar as primeiras POC – provas de conceito em modelo sand box em Porto Alegre e Caxias do Sul, RS, onde fica sua sede. “Criamos um negócio que não existe no mercado brasileiro. Estamos na fase de tração para poder identificar efetivamente o impacto positivo esperado”, diz Fabiano Vergani (foto), CEO da Fixer e da XPlay TV e ex-proprietário da Bitcom, provedor vendido em 2021.

O nome “Fixer” vem de “fixação”, e é exatamente esse o princípio da empresa, que desenvolveu um dispositivo capaz de acomodar de 2 a 10 ocupantes no poste, de forma ordenada e legal. A legislação permite que até cinco operadoras ocupem a faixa de 50 cm reservada aos serviços de telecomunicações, o que resulta em 10 cm por contratante. O equipamento da Fixer tem 9,80 cm de altura, portanto, abaixo do valor estipulado pela regulamentação. Segundo o CTO Guilherme Weiand, o isolador é fabricado em plástico de alta resistência com pesquisa e desenvolvimento na inserção de partículas de grafeno, em parceria com a UCSGRAPHENE, laboratório de grafeno na UCS – Universidade Caxias do Sul.

Mas o grande diferencial da Fixer vai além do equipamento em si. O segredo para o sucesso está na inteligência e gestão das atividades após a ocupação do poste. “Dentro de um cenário de economia 4.0, usamos plataformas digitais para conectar pessoas e compartilhar recursos, promovendo eficiência e colaboração na utilização de bens e serviços”, diz Vergani.

Uma plataforma digital realiza a automação e otimização da gestão dos processos de governança. A empresa que promoverá a governança do compartilhamento será a Fixer Alliance.

Para a advogada e sócia Andrea Fattori, ainda é cedo para afirmar se a nova regulamentação conjunta da Aneel/Anatel poderá ter algum impacto no modelo. Mas o conceito proposto pelas agências, em debate, inclui a figura de um terceiro para gestão da infraestrutura de telecomunicações, o chamado “posteiro”, responsável por gerenciar o compartilhamento dos postes. “Da forma como a Anatel já aprovou, não vimos nada que prejudique o negócio, ao contrário, vem ao encontro do propósito da Fixer, de gerir e organizar a ocupação”, diz. Para os provedores, além de promover otimização do compartilhamento, reduzir risco de acidentes e poluição visual, há ainda a questão do preço dos postes e a isonomia. A plataforma Fixer prevê a remuneração do “Fixer Âncora” e redução de custos para os demais participantes da aliança. Por exemplo, se o poste custa R$ 10, a economia para cada empresa é de 20% a 70%, dependendo do número de “Fixer Partners” hospedados no dispositivo.

“A lei determina que o poste tenha até cinco ocupantes, mas em algumas ruas há 50. Não é o caso de querer encontrar culpados, mas sim promover alianças e governança para resolver o problema. Estima-se que todo mês cerca de 20 acidentes no Brasil ocorram devido aos cabos soltos nos postes. São brasileiros se machucando, perdendo a visão e até mesmo a vida em acidentes envolvendo a rede”, diz Vergani.

Segundo o COO Ivonei Lopes, a partir do momento que um provedor passa a fazer parte da aliança, ele terá acesso a um mapa constantemente alimentado da situação real da ocupação dos dispositivos. E em relação a quem vai manter isso organizado, a solução é híbrida. “Os próprios membros podem realizar essa manutenção ou nós temos um modelo para intermediar esse trabalho, por meio de um prestador de serviços”, diz. A governança fica por conta da Fixer. “Nosso foco é manter esse ecossistema criado dentro do ambiente, com todas as informações para que a gestão aconteça. Hoje a gestão não acontece porque não há informação”, diz.

Para Vergani, o novo negócio faz o mercado se movimentar e trazer soluções criativas. “Somos empreendedores e estamos apresentando a Fixer em feiras do setor e autoridades na Anatel e Ministério das Comunicações em Brasília. Ouvimos mais de 200 provedores, prefeitos, vereadores, secretarias de trânsito, urbanismo, desenvolvimento e inovação. A nossa solução não tem nenhuma objeção”, finaliza o CEO.



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