A Br.Digital, empresa associada à TelComp - Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas, conseguiu fazer uma conexão de enlace de rádio a 182 quilômetros de distância, sem interferência. O projeto foi desenvolvido para a PRIO, companhia independente de óleo e gás do Brasil e especialista em recuperação de campos maduros.

A conexão é feita entre o Pico da Caledônia, na cidade de Nova Friburgo, e a plataforma petrolífera fixa Campo de Polvo, da PRIO, localizada a 100 quilômetros de Cabo Frio, na costa do Rio de Janeiro. A nova conectividade permitiu que a plataforma saltasse de uma velocidade de 50 para 250 Mbit/s.

O número pode parecer pequeno quando comparado aos planos residenciais oferecidos pelos provedores de Internet, mas, diante dos desafios de conectar uma estrutura do tamanho de uma plataforma de petróleo localizada a essa distância, é um grande ganho para o empreendimento. O projeto entrou em operação em janeiro de 2023.

O grande desafio foi fazer um estudo para encontrar o melhor local, capaz de permitir essa transmissão, superando as possíveis falhas causadas pela curvatura da Terra, sem interferência. A altitude do Pico da Caledônia, com 2200 metros, em Friburgo, compensou essa questão física e geográfica. O parceiro para a construção do equipamento foi a empresa israelense Ceragon.

No Pico da Caledônia, foram instalados dois rádios de micro-ondas com diâmetro de 1,2 e 2,4 metros operando na frequência de 6 GHz. O principal está instalado na torre com 37 metros de altura e o rádio de diversidade com altura de 25 metros. Também foi instalado um abrigo refrigerado com monitoramento remoto de temperatura e umidade, energia estabilizada e banco de bateria com capacidade de carga de 12 horas, além de redundância de um gerador de energia.

Segundo Luiz Henrique Barbosa da Silva, presidente executivo da TelComp, é muito gratificante ter a Br.Digital entre suas associadas, realizando um projeto tão complexo. “A missão da TelComp é fortalecer a competição, promover o desenvolvimento digital e fomentar soluções inovadoras para os negócios brasileiros, a Br.Digital se encaixa perfeitamente na nossa proposta e prova que as competitivas têm muito a contribuir para o desenvolvimento do setor”, reflete.

Ao todo foram seis meses de trabalho, desde o início dos estudos, passando pela fabricação do equipamento em Tel Aviv, Israel, até a ativação. “O equipamento foi feito de maneira customizada, atendendo às necessidades de frequência e potência da conexão com a plataforma. O processo de instalação foi bem complexo, tendo em vista que dependíamos de boas condições climáticas para trabalhar e com helicópteros fazendo o transporte das peças”, detalha Vander Furmaniak, VP comercial da Br.Digital. O acesso ao local inclui uma escadaria com 600 degraus.

Até então, a plataforma era atendida por conexão via satélites, que têm baixa velocidade e alta latência na transmissão de dados. Isso impossibilita a realização de questões simples do dia a dia, como fazer uma chamada de vídeo.

“Eles estão conseguindo colocar novas inteligências embarcadas em cima da disponibilidade da conexão que foi criada, trazendo mais eficiência à gestão e facilitando a comunicação entre a sede da empresa, no Rio, e a plataforma. Também foi permitida a conexão por vídeo e redes privativas para IoT – Internet das Coisas. Além disso, parte da conexão é ofertada aos funcionários para que possam se comunicar com seus familiares, o que antes era mais difícil”, acrescenta Furmaniak.

A conexão acontece da seguinte forma: duas rotas de fibra óptica saem da sede da PRIO, na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, até o POP na cidade de Nova Friburgo. De lá, a conexão segue por fibra óptica e rádio até o POP instalado no Pico da Caledônia para então serem transmitidas por enlaces de rádio até a plataforma.

“O aumento na velocidade de transmissão de dados impacta muito na rotina e na eficiência da operação offshore. Esse incremento permitiu que o contato com quem está no onshore aconteça sem oscilações, de forma instantânea, inclusive, compartilhando telas, imagens e apresentações. Além disso, também contribuiu muito para o bem-estar da tripulação, agilizando a comunicação com quem está no continente e, também, oferecendo mais qualidade ao acessar as plataformas de streaming”, conta Diogo Cunha, coordenador de tecnologia da informação da PRIO.

O executivo da petroleira ainda destaca que esse também foi um projeto desafiador para a companhia, já que encontrar um fornecedor que entregasse a iniciativa completa não foi tarefa fácil. Cunha reforça que o esforço valeu a pena e que a PRIO já estuda ampliar esse modelo de conexão para outros ativos.

Para realizar o projeto, foram envolvidos cerca de 20 profissionais, entre as equipes da Br.Digital e da Ceragon. Os técnicos precisam de certificações específicas para trabalhar em altitude e com a parte elétrica do projeto. A área do Pico da Caledônia é controlada pela Marinha, que exige uma série de certificações para realizar o trabalho. Parte da equipe foi embarcada na plataforma e passou por treinamentos específicos para atuar em casos de emergência.

Furmaniak explica que, além do grande desafio técnico do projeto, foram enfrentados desafios pessoais dos profissionais envolvidos. “O embarque na plataforma durou três semanas, é um processo complexo. Nosso time trabalhou de forma bem ágil e assertiva para não haver falhas ou atrasos. Na época da instalação, a PetroRio estava seguindo protocolos de combate à Covid, que incluíam o isolamento por até 15 dias da equipe que seguiria para a plataforma”, explica o executivo.

A experiência deu tão certo que a Br.Digital está desenvolvendo outros dois projetos de conexão para outras plataformas marítimas, com distâncias que passam dos 200 quilômetros da costa marítima. O novo projeto é mais complexo, pois a plataforma é flutuante e as antenas são programadas para não derrubar o sinal do radioenlace. A previsão é que o projeto esteja em funcionamento no segundo semestre deste ano.



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