De olho no mercado do biometano no Brasil, que está prestes a ganhar um reforço para seu crescimento com a instituição de mandato de compra obrigatória do biocombustível por produtores e importadores de gás natural, no âmbito do Programa Combustível do Futuro, a francesa Prodeval, especializada em sistemas de purificação de biogás, está se estruturando para operar no país.

Para anunciar sua intenção, a empresa participou com estande na IFAT Brasil, de 24 a 26 de abril em São Paulo. Além de mostrar suas tecnologias, a Prodeval divulgou que terá escritório comercial no país e que fará a montagem dos equipamentos especializados com a contratação de fornecedores locais.

Segundo o responsável por desenvolvimento de negócios para a América Latina da Prodeval, Carlos Mancino, a ideia é ter o escritório montado ainda neste ano em São Paulo. No caso da produção dos sistemas, ele revela que já começaram as pesquisas de possíveis fornecedores locais de componentes críticos para a manufatura no Brasil. “Queremos produzir aqui até para o cliente não precisar também pagar por taxas de importação”, diz.

O sistema de purificação é com base em membranas, da empresa alemã Evonik. Nesse caso, os componentes continuarão a ser importados, mas sob isenção tarifária (ex-tarifários), por não haver similar nacional. Mas a ideia é fazer com que todo o sistema seja feito por terceiros no Brasil. “A Prodeval é uma empresa de engenharia que cria o design dos produtos e terceiriza a produção, inclusive na França”, afirma.

A purificação do biogás para sua transformação no combustível biometano utiliza tecnologia patenteada pela Prodeval, uma unidade que consiste em três estágios de membranas para a separação do dióxido de carbono (CO2) e do metano (CH4). O biogás, que no saneamento é obtido ou pela digestão do lodo de ETEs ou pelo tratamento anaeróbico do sistema, normalmente apresenta de 50% a 70% de metano e por uma média de 30% a 45% do dióxido de carbono.

Segundo Mancino, o sistema em três estágios assegura contratualmente para o cliente uma qualidade de biometano acima de 97% de concentração de metano e com mais de 99,3% de rendimento, ou seja, de utilização do biogás.

A concentração fica bem acima do exigido pela ANP - Associação Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis para especificação de biometano, de 90% de CH4. “A nossa tecnologia foi concebida para atender a legislação francesa e de outros países europeus, que normalmente pedem mais de 97%”, diz.

De acordo com Mancino, o sistema também atende a uma outra exigência europeia, que ainda não chegou ao Brasil. Trata-se de regulamentação que restringe o percentual de metano que fica no CO2 removido pela separação do biogás feita pelas membranas.

“Esse CO2, que é chamado de off-gas e normalmente é emitido para a atmosfera, não pode ter mais de 0,7% de CH4. Para se ter uma ideia, a tecnologia mais empregada no Brasil para purificação de biometano, a PSA [do inglês pressure swing adsorption, ou adsorção por modulação de pressão], sai com até 10% de metano no off-gas, ou seja, desperdiça o seu potencial de biocombustível e ainda o emite para a atmosfera como gás do efeito estufa”, explica Mancino.

Com a tecnologia em três estágios, é possível aproveitar ao máximo o metano contido no biogás.

A Prodeval tem cerca de 475 plantas de purificação de biogás instaladas no mundo, a maioria a partir de biogás da digestão de dejetos animais e resíduos agrícolas, mas 40 delas em instalações de tratamento de esgoto. Segundo ele, na França cerca de 20% da rede de gasodutos do país é abastecida por biometano. “Como na França a rede de gás é muito mais ramificada, normalmente as nossas instalações são feitas perto da rede de gás e o biometano é injetado diretamente na rede”, diz.

 

Liquefação do CO2

Além do sistema de purificação do biogás, a empresa também tem uma tecnologia para liquefação do CO2 separado. O sistema faz o tratamento, a refrigeração, a compressão e a liquefação do gás carbônico, que pode ser comercializado principalmente para a indústria alimentícia, para a gaseificação de bebidas e também para o abate de animais (no atordoamento de animais e para melhorar a qualidade da carne).

O gás carbônico gerado pela tecnologia tem alto grau de pureza, de 99,9999% de concentração, o que permite sua utilização por exemplo para a produção da famosa água carbonatada francesa Perrier.

Além desses usos, há muito potencial no Brasil para comercializar o CO2 para a indústria química, para a produção de extintores e na indústria de cimentos.



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