Um estudo encomendado pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), parceria da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e da Braskem, foi realizado pela MaxiQuim (Porto Alegre, RS), empresa de avaliação de negócios na indústria química com foco em análise de mercados e competitividade, com dados referentes ao ano de 2018.

O estudo identificou 716 empresas que trabalham com reciclagem mecânica de plásticos, estando a maioria (88,54%) localizada nas regiões Sul e Sudeste do País. Fora dessas regiões, o estado da Bahia se destacou com 17 empresas recicladoras.

Em 2018, o faturamento bruto dessa indústria foi de R$ 2,4 bilhões, com a geração de 18,6 mil empregos e capacidade instalada de 1,8 milhão de toneladas de plásticos.

Após esse mapeamento inicial, foram realizadas entrevistas individuais com 144 indústrias, 20% do universo nacional de recicladores, com o objetivo de aprofundar a análise.

 

Os volumes da reciclagem no Brasil

Segundo o estudo, 3,4 milhões de toneladas de resíduo plástico pós-consumo foram geradas em 2018, sendo que 991 mil toneladas tiveram como destino a coleta seletiva, as cooperativas, os centros de triagem e/ou os sucateiros. Desse volume, 234 mil toneladas ainda se perderam no processo de reciclagem e acabaram tendo como destino os aterros. Dessa forma, o volume total de resíduos plásticos pós-consumo reciclados mecanicamente em 2018 foi de 757 mil toneladas, ou seja, 22% do total de resíduos gerados. Esta conclusão aponta um cenário muito diferente do sugerido pelo estudo da WWF, divulgado no ano passado, apontando um índice de 1,28%.

A cifra também aproxima o Brasil dos níveis registrados por países europeus como França e Alemanha, em se tratando de reciclagem mecânica.

O último estudo que realizamos, em 2016, apontou um volume de resíduos reciclados de 550 mil toneladas. Ou seja, em dois anos, tivemos um crescimento de 37% na quantidade de plástico reciclado, o que aponta para uma evolução do setor”, explicou Simone Carvalho do comitê técnico do PICPlast.

 

As origens

A maioria do plástico reciclado tem origem no uso doméstico (54,3%). O restante se divide entre pós-consumo não doméstico (17,3%) e resíduo pós-industrial (28,4%). Entre os plásticos pós-consumo doméstico, 44,7% eram PET e 17,5% eram PEBD/ PELBD. O PET também foi o material mais reciclado após o consumo não doméstico. Entre os resíduos industriais, a maior proporção ficou entre PEBD/ PELBD (29%) ou PP (28%).

Entre o volume de plástico reciclado, 65% correspondem a artigos de uso único, sendo a maioria dos resíduos destinados à reciclagem mecânica, com destaque para as embalagens”, explicou Solange Stumpf, sócia da MaxiQuim.

A forma como a matéria-prima chegou aos recicladores se dividiu da seguinte forma: por meio das próprias indústrias plásticas (28%), pelos sucateiros (28%), pelos beneficiadores (15%), cooperativas (15%), empresas de gestão de resíduos (11%), catadores (11%) e direto da fonte geradora (2%).

A maioria do resíduo consumido veio do Sudeste do País (50%), seguido pelo Sul (29%), Nordeste (11%), Centro-Oeste (6%) e Norte (4%). Aproximadamente 33,5% (ou 421 mil toneladas) do volume de resíduo consumido não provêm do mesmo estado sede dos recicladores. “Isso ocorre porque os recicladores estão concentrados nos grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, e apesar desses lugares possuírem coleta seletiva, a quantidade coletada não é suficiente para a capacidade instalada das recicladoras, complementou Solange.

 

Perdas no processo de reciclagem

O volume de resíduos plásticos que se perdeu no processo de reciclagem no período analisado foi de 159 mil toneladas, sendo o PET responsável por (54,3%). “O principal motivo das perdas ainda é a contaminação da sucata plástica com materiais indesejados, devido à triagem desqualificada. Além disso, materiais com adesivos, sujeira orgânica e, dependendo do material, cores indesejadas, contribuem para o descarte da sucata adquirida”, informou Solange.

 

Produção transformada

Das 757 mil toneladas de resíduos reciclados, 328 mil toneladas foram transformadas em materiais para reuso, na seguinte proporção: 43,3% PET, seguidas de 18% para PEAD, 17% para PEBD/PELBD e 15% para PP.

Foi constatado que 18% do plástico reciclado é utilizado pela indústria de higiene pessoal e limpeza doméstica, 13% na construção civil, 10% no segmento de bebidas – lembrando que na indústria de resinas recicladas apenas o PET tem regulação válida da Anvisa para contato com alimentos e bebidas. Do restante, 9% foram para o segmento de vestuário e têxtil e 9% para utilidades domésticas.

 

O plástico pós-consumo

Em 2016, haviam sido geradas 2,1 milhões de toneladas de plástico pós-consumo. Em 2018 esse índice foi 61% maior, chegando a 3,4 milhões de toneladas de resíduos plásticos. Desse total, 35% eram PEBD/PELBD, 23% eram PP, 18% PET e 14% PEAD. A maioria (52%) dos resíduos vem do Sudeste, sendo o Estado de São Paulo responsável por 30%.

Vemos um crescente aumento da geração de plástico pós-consumo, assim como ficamos bem animados de perceber que mais de 750 mil toneladas de resíduos plásticos foram recicladas, mesmo com a coleta seletiva e a reciclagem dos materiais restritas aos grandes centros. Se compararmos com outros países da União Europeia ou dos Estados Unidos, sabemos que fazemos um excelente trabalho de reciclagem mecânica. Contudo precisamos evoluir também na reciclagem energética, já que os plásticos são fundamentais no processo e já servem como combustível para que o processo ocorra com eficiência, bem como na reciclagem química”, afirmou Solange.

De acordo com o diretor de química sustentável e reciclagem da MaxiQuim, Maurício Jaroski, a reciclagem no Brasil se profissionalizou nos últimos anos, saindo da informalidade e se estruturando como negócio. Como qualquer outro setor industrial, ela está sofrendo os revezes da pandemia de Covid-19, que estão resultando principalmente em escassez de material em decorrência da paralisação das atividades de cooperativas e do enfraquecimento da coleta seletiva. O menor consumo de itens plásticos no inverno também tem impacto negativo sobre a atividade, mas a perspectiva é de melhora para os próximos meses.

 

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Foto: Shutterstock

 

 



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