Hellen Souza, da redação

 

A Neuman & Esser (NEA), empresa global de origem alemã, anunciou a ampliação de sua fábrica de geradores para usinas de hidrogênio de baixo carbono, também chamado de hidrogênio verde. Localizada em Belo Horizonte (MG), a unidade teve sua capacidade quadruplicada, atingindo uma produção capaz de gerar 70 MW/ano de hidrogênio verde.

 

As instalações passam a ocupar uma área de 3.500 metros quadrados, e a expectativa da empresa é aumentar a produção em até sete vezes em relação aos níveis atuais, além de expandir a capacidade de empacotamento de compressores de gases industriais, tais como H2 e CO2  e movimentar uma parte importante do segmento metal mecânico.

 

“Nossa estratégia de fortalecimento abrange quatro frentes de atuação: fabricação de unidades compressoras para gases, sistemas de moagem e classificação de materiais sólidos, geradores de hidrogênio e serviços especializados", afirmou o diretor presidente da NEA Brasil, Marcelo Veneroso.

 

Eletrolisadores

 

Os eletrolisadores são o coração dos sistemas de geração de hidrogênio e são produzidos pela NEA sob rigorosas especificações. São dispositivos que convertem água em hidrogênio e oxigênio utilizando eletricidade. Seus componentes mecânicos são projetados para resistir a ambientes corrosivos e suportar altas pressões. São fabricados por usinagem, corte, estampagem, dobra e caldeiraria, o que deve aumentar a demanda por estes serviços, visto que a empresa adquire boa parte desses itens de fornecedores locais.

 

Flanges usinadas em aço carbono, componentes para placas confeccionados em aço inoxidável ou revestidos para resistir à corrosão, além de carcaças diversas moldadas em plásticos de engenharia, são alguns dos itens necessários à montagem dos eletrolisadores.

 

Para armazenar e movimentar o hidrogênio a ser comercializado são necessários vasos produzidos com aços de alta resistência ou inoxidável, além de tubulações às quais são conectadas as flanges. A necessidade de montagem rápida desses sistemas representa uma demanda por processos mais eficientes e materiais mais resistentes, aumentando a demanda por aços especiais e plásticos de engenharia.

 

Os vasos de pressão para armazenamento e transporte do hidrogênio (foto ao lado) podem ser produzidos em aços especiais ou por enrolamento filamentar (filament winding), que combina o uso de resinas termofixas e fibras de alta resistência. Esses materiais são escolhidos com base na sua resistência química, condutividade elétrica, durabilidade e custo, podendo variar em função das especificidades de operação.

 

Descarbonização em vista

 

A Neuman & Esser é a única empresa produtora de eletrolisadores na América Latina e mantém atualmente uma parceria com a Universidade Federal de Itajubá (MG), onde está instalada uma planta operacional de hidrogênio verde em pequena escala. Além de fortalecer a aliança com a academia, os investimentos anunciados vão promover a criação de 200 novos postos de trabalho diretos e indiretos, empregando uma mão de obra qualificada e bem remunerada. “Vamos promover também a multiplicação do conhecimento de produção de eletrolisadores, pois não há no mercado mão de obra qualificada ou sequer estrutura para qualificá-la”, comentou Rafael Serpa, gerente de vendas e aplicação Neuman & Esser no Brasil (foto)

 

Rafael explicou ainda que há dois perfis para a clientela das usinas de hidrogênio verde: o mercado de exportação, que visa suprir a demanda de países que atualmente enfrentam restrição da oferta devido a problemas climáticos ou geopolíticos, a exemplo da Alemanha e Japão; e o mercado interno, movido pela necessidade de descarbonização de atividades industriais.

 

As empresas locais podem tanto se interessar por iniciar ações neste sentido quanto substituir o chamado hidrogênio cinza, produzido a partir do gás natural e com maior pegada de carbono, pelo hidrogênio verde, obtido por eletrólise da água. “A produção a partir do gás gera de 10 a 12 quilos de CO2 para cada quilo de hidrogênio, enquanto a eletrólise zera totalmente as emissões”, explicou Rafael.

 

A agenda ESG na indústria, que implica a descarbonização de processos produtivos, também deverá favorecer o ciclo econômico ligado ao hidrogênio, com a estruturação de um parque fabril que vai movimentar toda a cadeia de fornecedores e ferramentas de financiamento, além de promover a formação de mão de obra qualificada.

 

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Imagens: Marcelo Coelho / Thais Sheliden - Neuman & Esser

 

 

 

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