Empresa conhecida por sua atuação na transformação de cobre e suas ligas em produtos semielaborados e acabados, a Termomecanica recentemente passou a trabalhar com materiais em alumínio. Para o segundo semestre deste ano, a empresa prevê o início da fabricação de vergalhões de alumínio para somar à oferta de tubos e barramentos deste material. Com isso, o segmento será responsável por aproximadamente 25% da receita da companhia, segundo Paulo Cezar Martins Pereira, Superintendente de Vendas e Marketing.

Nesta entrevista concedida com exclusividade para Máquinas e Metais, Pereira enfatiza a relevância que o emprego dessa matéria-prima deverá ganhar nos próximos anos, tendo em vista a tendência global pela redução da emissão de poluentes. A disseminação deste uso estaria, acima de tudo, alinhada ao comprometimento da empresa com o desenvolvimento sustentável que faz parte de sua estratégia atual de negócios.

Entre as características que tornam o alumínio indicado para aplicações no setor automotivo, além de sua conhecida leveza, estão o fato de não ser corrosivo para os fluidos veiculares, seu elevado índice de troca térmica, a absorção de maior energia em um impacto e sua fácil montagem em sistemas. 

Fundada em 1942 pelo engenheiro Salvador Arena, a fabricante tem um patrimônio líquido superior a $800 milhões. Hoje, conta com fábricas em São Bernardo (SP), Manaus (AM), Santiago (Chile) e em Buenos Aires (Argentina), além de dois Centros de Distribuição: um em São Bernardo do Campo (SP) e o outro em Joinville (SC). 

 

Máquinas e Metais - As vantagens do emprego do alumínio na parte estrutural e também no cabeçote do motor e pistões, por exemplo, já são amplamente divulgadas. De que forma essa aplicação vem se desenvolvendo no País? Os projetos estão crescendo? Por quê?

Paulo Cezar Martins Pereira - Especificamente, na indústria automotiva, a aplicação do alumínio tem sido crescente, principalmente na substituição de outros materiais. Os projetos são crescentes porque o Brasil ainda aplica muito pouco o alumínio nos veículos quando comparado a países como Japão, EUA e Europa, por exemplo, que aplicam de 2 a 4 vezes mais alumínio. Isto é devido ao fato de que nestes países mais desenvolvidos, as exigências ambientais sustentáveis costumam ser mais rígidas e chegam mais rápidas ao mercado consumidor. Com o uso do alumínio, os veículos tornam-se mais leves e, consequentemente, a queima de combustível é menor, o que por sua vez implicará diretamente na menor emissão de gases poluentes durante a vida útil do veículo. Isso contribui para uma melhor sustentabilidade do meio ambiente e da economia. 

MM - O que poderia citar com relação à usinabilidade deste material? Quais as vantagens (e desvantagens) em comparação, por exemplo, ao aço e ao ferro fundido – matérias-primas geralmente empregadas nessa indústria?

PCMP - O alumínio é um metal de boa usinabilidade quando a aplicação requer esse aspecto, seu acabamento apresenta uma estética, brilho e um acabamento de qualidade superior quando comparado a outros materiais, além disso é leve e fácil para se trabalhar, no aspecto de peças que serão submetidas a esforços mecânicos, térmicos etc. O que irá definir o uso do material e a carga a que será submetido é a aplicação do produto. Quando esta situação se apresenta, os materiais (alumínio, aço, cobre, ferro etc.) normalmente não são escolhidos por ter maior ou menor usabilidade, mas sim por suas características físicas que melhor atendem às exigências de dada especificação do produto.

MM - Além da questão da sustentabilidade e dos impactos positivos na redução da emissão de gases, o alumínio também pode tornar o veículo mais seguro (segundo dados divulgados pela ABAL). Em sua opinião, porque ele corresponde a um valor muito reduzido em peso nos veículos brasileiros, em relação a outros países? O que poderia ser feito para mudar esse cenário?

PCMP - Parte da resposta está contida no primeiro bloco de perguntas. O custo do alumínio é maior na comparação com o aço, porém, mesmo tendo o custo mais elevado, os países mais desenvolvidos, e com maior poder aquisitivo, tendem a utilizar mais o alumínio devido aos outros benefícios que o mesmo proporciona. Para os países subdesenvolvidos, este processo de migração é mais lento justamente por conta do custo. Mas a crescente utilização do alumínio em veículos é inevitável e com o tempo todos terão que se adaptar e utilizar mais este material. Em um país subdesenvolvido, como o nosso, com extrema desigualdade de distribuição de renda e elevada carga tributária, o custo global de um veículo tem que ser controlado com cuidado, sob pena de não ter escala econômica no mercado, o que inviabilizaria a produção mais massiva. O dia em que a economia prosperar satisfatoriamente, reduzir a desigualdade econômica, aí teremos uma redução nos custos decorrente do efeito escala, com isso os nossos veículos irão naturalmente incorporar materiais e outros avanços tecnológicos em maior volume, e isto inclui, entre outros aspectos, um conteúdo maior de alumínio nos veículos.

MM - Com relação à Termomecanica, por que um maior uso do alumínio pelo setor automotivo é importante para a empresa? Este segmento corresponde a qual porcentagem de seus negócios no País?

PCMP - Para a Termomecanica é importante que cada vez mais os veículos incorporem materiais em alumínio e outros avanços que resultem em benefícios sustentáveis para o nosso planeta, e o uso do alumínio cumpre com esse quesito. Além disso, a Termomecanica tem uma linha de produtos de tubos de alumínio que são utilizados em sistemas de refrigeração da linha branca e automotiva, entre outras aplicações. Com o início da fabricação de vergalhões de alumínio que está prevista para o segundo semestre de 2021, somando aos negócios de tubos e barramentos de alumínio já existentes, o segmento será responsável por aproximadamente 25% da receita da companhia.

 

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