Natal Pasqualetti Neto*


 

Normalmente, eu produzo esta coluna trazendo a abordagem sobre algum sistema utilizado nas máquinas e equipamentos para estampagem de metal. Hoje, eu vou colocar em discussão se há necessidade da presença do canal de laço nos sistemas atuais de alimentação por bobinas.

 

Especialista em prensas aborda o uso de canal de laço em processos de alimentação de prensas
 

 

Sobre o canal de laço, eu entendo que surgiu devido a não ser possível para o alimentador puxar a fita direto da bobina, pois isso vai interferir diretamente no funcionamento e precisão da alimentação. O principal problema do canal de laço é o espaço físico disponível para ele.

 

Para desenrolar a bobina, nos sistemas antigos a base do acionamento era um motor trifásico e os comandos disponíveis do tipo “Ligar” e “Desligar”.

 

Lembrando os conceitos básicos do motor de indução trifásico, ao dar a partida é como se nós alimentássemos as extremidades de um fio em curto-circuito. A corrente sobe rapidamente, mas devido ao fio se encontrar enrolado, isso gera um campo magnético e cria uma resistência que faz a corrente cair para a faixa de trabalho.

 

 

 

O fato é que o motor de indução trifásico não deve estar sujeito a situações em que os acionamentos tenham que ser ligados e desligados o tempo todo.

 

Lembro que muitos anos atrás uma empresa tinha um dispositivo nessa situação, que estava desativado, pois era necessário ligá-lo e desligá-lo constantemente, e isso queimava o motor.

 

Analisando aquela aplicação específica, eu decidi por instalar um acoplamento por atrito acionado por um cilindro pneumático. O motor ficava ligado direto e o acoplamento fazia o engate e desengate da parte movida, resolvendo o problema. Até hoje o dispositivo está em funcionamento.

 

Mas voltando ao nosso canal de laço, vamos conhecer o seu princípio de funcionamento.

 

O canal de laço convencional possui dois sensores, conforme mostra a figura abaixo:

 

 

 

O sensor superior (S1) liga a desbobinadeira a fim de desbobinar uma determinada quantidade de fita. Conforme vai desbobinando, o laço de fita aumenta e vai descendo ao fundo do canal. Atingindo a altura detectada pelo sensor inferior (S2) é desligada a desbobinadeira. A desbobinadeira só vai ser ligada novamente após o consumo do laço.



 

E hoje em dia, o que muda?

 

Com as novas tecnologias na área de automação temos motores e drives disponíveis que permitem a fácil sincronização de movimentos.

 

Alguns colegas da área de automação acham desnecessário o uso do canal de laço hoje em dia. No dia a dia, vejo uma série de sistemas de alimentação por bobina com laços bem menores, ou com outras configurações, sem o canal.

 

Ao conversar com um fabricante, me informaram que ele especificamente estava utilizando o canal só em caso de alta velocidade.


 

 

E vocês, o que pensam a respeito?

 

Na minha opinião, em caso de alta velocidade entendo que é seguro manter o sistema de canal de laço, para o caso de alguma irregularidade ocorrer no sincronismo do sistema de alimentação.

 

Outro ponto é que apesar de o canal de laço ocupar um pouco mais de espaço físico, o sistema convencional desbobinadeira/canal de laço é simples, de baixo custo e fácil manutenção.

 

Mas, cada caso é um caso, e o importante é contar com um sistema que não dê problemas e não pare a produção.



 

 

 

 

*Natal Pasqualetti Neto é engenheiro mecânico pós-graduado em Automação Industrial pelo Centro Universitário FEI (São Bernardo do Campo, SP). Sócio Proprietário da NATAL Treinamento e Consultoria – www.natal.eng.br.



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