Como mais um passo na corrida para ampliar o conceito de economia circular na cadeia do plástico no Brasil, a Braskem, sediada em São Paulo (SP), recebeu a certificação internacional do ISCC, que atesta a utilização de  matérias-primas alternativas (como o óleo de pirólise) na obtenção de novos polímeros.

 

A companhia recebeu o certificado ISCC Plus – emitido pela International Sustainability and Carbon Certification (ISCC) ou Certificação Internacional de Sustentabilidade e Carbono, em tradução livre – para a utilização de matérias-primas alternativas, como o óleo de pirólise (processo químico que quebra as moléculas das resinas termoplásticas por meio do calor) para que suas unidades industriais transformem esse insumo em novos polímeros. Até então, a Braskem só tinha a ISCC Plus válida para a produção do polietileno bio-based, feito a partir do etanol da cana-de-açúcar e fornecido sob a marca I’m Green.

 

A certificação baseia-se no conceito de balanço de massa, que é um conjunto de regras técnicas que garantem que a mesma quantidade de matéria-prima, produzida a partir de material pós-consumo e que entra no processo, saia como produto final com as mesmas características das resinas e químicos de origem fóssil. Esse controle permite que a sustentabilidade dos produtos circulares seja devidamente acreditada e reconhecida.

 

Luiz Alberto Falcon, responsável pela plataforma de reciclagem da Braskem, explicou que “Na prática, significa que estamos cada vez mais perto de ampliar a comercialização de resinas e produtos químicos mais sustentáveis, com as mesmas características dos produzidos atualmente por meio de matérias-primas fósseis. Entre as matérias-primas que pretendemos testar está o óleo de pirólise, que utiliza em seu processo produtivo plásticos com elevada dificuldade técnica em reciclagem mecânica, como embalagens flexíveis compostas por diferentes materiais. Os estudos nesse sentido também nos aproximam de rotas ainda mais sustentáveis, para além da cana-de-açúcar, e são uma alternativa à nafta do petróleo”.

 

Ao longo do ano de 2021 a empresa dará sequência aos testes para essas rotas, em especial as que envolvem o uso do óleo de pirólise e outras matérias-primas renováveis, em seu Polo Petroquímico do Grande ABC (SP) e no Polo Petroquímico de Triunfo (RS).

 

Avanços na reciclagem química

A novidade da certificação vem em conjunto com o acordo de cooperação firmado entre a Braskem, a Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC S.A.), Senai CETIQT e COPPE/UFRJ para viabilizar as próximas fases dos testes, como já noticiado anteriormente por Plástico Industrial, em setembro passado.

 

O corpo de pesquisa formado por estas instituições investirá cerca de R$ 2,7 milhões, entre recursos financeiros e humanos, para o desenvolvimento de novos catalisadores (substâncias que aumentam a velocidade de uma reação química) com o intuito de aperfeiçoar o rendimento durante o processo de pirólise, tornando este processo mais atrativo e economicamente viável para aplicação em escala industrial.

 

Além disso, recentemente a companhia anunciou outras duas iniciativas, na América do Norte, para ampliar o uso de matérias-primas mais sustentáveis. Uma delas, um trabalho conjunto com a Encina, o qual permitirá o uso de tecnologias voltadas à produção de polipropileno circular, com as mesmas características da resina fóssil, para embalagens de alimentos e produtos de consumo e higiene. E, por fim, uma parceria com a Agilyx para o início de um estudo de viabilidade para pesquisar a produção de matéria-prima oriunda da reciclagem de plástico. O objetivo é encontrar um caminho eficiente e sustentável para a produção de polipropileno (PP) a partir de resíduos plásticos mistos.

 

Essas iniciativas estão em linha com a estratégia de diversificação de matéria-prima da Braskem e vão ao encontro dos seus macro-objetivos para ampliar o conceito de economia circular na cadeia do plástico e se tornar uma empresa carbono neutro até 2050. Uma das metas é ampliar o portfólio I’m green para incluir, nos próximos 10 anos, 1 milhão de toneladas de resinas termoplásticas e produtos químicos produzidos com conteúdo renovável e circular.


 

(Fotos: Braskem)

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