Em tempos de pandemia do coronavírus e suas óbvias consequências negativas para a economia, poucas empresas estão arriscando aportar investimentos em um mercado tão cheio de incertezas como o brasileiro. A Starrett, uma das principais fabricantes de ferramentas no mundo, é uma delas.

Radicada há 65 anos em solo nacional, a companhia anunciou recentemente a contratação de Leandro Oliveira da Cruz para o posto de novo diretor comercial para a América Latina, com a missão de buscar novas oportunidades e ampliar a presença da marca no continente, especialmente no ambiente digital. Além disso, prepara melhorias em sua fábrica de Itu (interior de São Paulo) e quer aprimorar a área de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), entre outras decisões. 

Em entrevista à Máquinas e Metais, Christian Arntsen, presidente da Starrett no Brasil, explica as estratégias que a empresa pretende adotar no futuro próximo, visando aproveitar um cenário que é de um “otimismo cauteloso”, em suas próprias palavras. Uma delas é a transformação de sua unidade paulista em único lugar no mundo inteiro destinado à construção de serras, decisão que deve aumentar a mão de obra direta local em 20%. Boa notícia em um país que está sofrendo com índices de desemprego de mais de 13% da população.

MM - Como a Starrett está se preparando para a expectativa geral da indústria de transformação em 2021?
Christian Arntsen - Nós estamos otimistas, mas eu diria que é um otimismo cauteloso. Temos que olhar para o cenário como um todo. A indústria de metalmecânica está voltando mês a mês. O pico na área de construção não deve durar muito, talvez até o segundo trimestre, mas ainda assim tem tudo para garantir um crescimento de cerca de 15 e 20%, números que ainda são muito fortes em comparação com o momento anterior à pandemia. 

O mundo nunca foi tão VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) como agora . Eu digo para as minhas equipes: “Não temos como saber o futuro. Nem os grandes economistas conseguem prever muita coisa. Então, temos que olhar cada índice e KPI do nosso negócio e sermos ágeis”. 

Estamos contratando mais funcionários e investindo muito forte na fábrica instalada em Itu, com a construção de um prédio e a chegada de diversas máquinas. Com essa ampliação e consolidação, a Starrett do Brasil irá produzir e fornecer serras para o grupo todo. No cenário global, tivemos um bom crescimento e a perspectiva para 2021 é muito satisfatória.


A empresa tem planos de investir na aquisição de máquinas-ferramenta para atender à demanda?
A Starrett está investindo cerca de R$ 40 milhões em sua fábrica de Itu. O aporte dará suporte à unificação de toda a fabricação de serras-copo, serras de fita bimetálicas e serras de fita de carbono (DFB) até o final de 2021. Esta operação faz parte da estratégia mundial da empresa que pretende tornar a marca mais competitiva globalmente, transformando a fábrica brasileira em responsável por fornecer toda a linha de serras para os Centros de Distribuição espalhados pelo mundo e para outras plantas do grupo.  

A intenção da empresa é continuar investindo em P&D no Brasil para prosseguir no desenvolvimento de tecnologia de última geração. Isto é reflexo do excelente trabalho da equipe local da Starrett, que deu segurança ao conselho diretor para fazer tamanho investimento e concentrar toda a produção de serras na unidade de Itu, o que gerará um aumento de 20% da mão de obra direta. A grande maioria das máquinas que serão compradas estão sendo adquiridas na Europa e nos Estados Unidos.

Especificamente sobre o segmento de usinagem, qual a expectativa em relação à venda de serras de fitas e disco para o corte de blanques de metal nos próximos meses?
Temos visto uma melhora no segmento de metal, mecânica e usinagem. O pior momento foi em abril e maio do ano passado, com volumes de 70% a 80% abaixo dos níveis pré-Covid, mas isto tem melhorado gradualmente a cada mês. A nossa estimativa é que ainda estamos 20% abaixo do nível anterior à pandemia, mas queremos voltar a 100% até o fim deste primeiro semestre.



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