Um estudo da organização britânica sem fins lucrativos TransitionZero apontou que já é muito mais vantajoso fazer a transição energética do carvão para as energias renováveis com armazenamento de baterias do que para o gás natural. A revelação faz parte de índice que rastreia o preço do carbono necessário para a transição em 25 países, batizado de Índice de Preço do Carvão para o Carbono Limpo (C3PI), e cuja última versão foi divulgada pela organização em 10 de maio.

De acordo com o índice, foi constatado que o preço do carbono necessário para incentivar a mudança de carvão para energia renovável e armazenamento de baterias está em uma média de US$ 62/tCO2 em 2022, comparado a US$ 235/tCO2 da mudança para o gás atualmente. Vale acrescentar, porém, que o gás fóssil tem registrado preços recordes no mundo, sob a influência principalmente da Guerra da Ucrânia.

A organização considera o dado relevante porque, historicamente, o gás natural tem sido considerado a ferramenta principal de transição energética para a economia de baixo carbono, por ter intensidade menor do que o carvão entre as alternativas fósseis, abordagem que poderia ser abandonada por conta do atual preço do carbono. O cenário apontado pelo estudo favoreceria a meta de emissões líquidas zero da Agência Internacional de Energia (AIE) para cumprimento do Acordo de Paris, que estabelece para 2035 o abandono da geração de energia a carvão ou a gás fóssil nas economias avançadas e globalmente até 2040.

O índice utilizado pelo estudo da TransitionZero é um projeto de dados abertos que utiliza o preço do carbono como base para viabilizar a transição energética para, principalmente,  as fontes eólica onshore e solar fotovoltaica, ambas com armazenamento de baterias para “retirar” o caráter intermitente de suas gerações. O preço do carbono agora favorável, na avaliação do estudo, tem relação também com a alta queda no custo da energia renovável, que diminuiu 99% desde 2010.

"Apesar de algumas variações regionais, nossa análise mostra uma clara tendência deflacionária no custo de mudar da eletricidade do carvão para a eletricidade renovável e põe em questão os 615 GW de gás e 442 GW de carvão propostos e em construção globalmente”, afirma Matt Gray, cofundador e analista da TransitionZero.

É bom ressaltar que o custo da troca de carvão para renováveis no Brasil não foi analisado pela pesquisa. Isso porque o carvão tem papel residual na matriz elétrica brasileira. Ao mesmo tempo, porém, o Brasil é o terceiro país do mundo no investimento em infraestruturas de gás na atualidade, segundo análise recente do Global Energy Monitor, com perspectiva de aumento, dada por exemplo a possibilidade de ser incluída no Projeto de Lei 414/21, de modernização do setor elétrico, a determinação de investimentos de 8 GW em novas termelétricas a gás.

Para ler o estudo, acesse www.transitionzero.org/blog/fuel-switching-coal-to-clean.



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