O mercado de fibra óptica vs. data centers hiperescala


Os chamados data centers hiperescala possuem características que exigem soluções de custos mais baixos e que garantam a eficiência energética, além de se diferenciarem pelo tamanho, arquitetura de rede, hardware e automação via software. Essas características são um desafio constante para os fabricantes de equipamentos de data centers, que precisam se adaptar à nova realidade, oferecendo produtos ainda mais eficientes e para um segmento cada vez mais amplo.


Rudinei Santos Carapinheiro, diretor de novos negócios da Skylane Optics

Data: 29/08/2017

Edição: RTI Agosto 2017 - Ano XVIII - No 207

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Os provedores de Data centers na nuvem como o Facebook, Amazon, Google e Apple, os chamados GAFA, mudaram drasticamente a dinâmica da indústria de componentes ópticos nos últimos anos, e essa influência tende a aumentar. Eles se destacam como uma categoria própria: os chamados data centers hiperescala, que no futuro concentrarão toda a capacidade de computação disponível do planeta.

Além de se diferenciarem pelo tamanho, arquitetura de rede, hardware e automação via software, esses ambientes possuem características que exigem soluções a custos mais baixos e com eficiência energética, demandas constantes da indústria de tecnologia. Isso é um desafio para os fornecedores dos data centers hiperescala.

Esses poucos clientes compram uma classe de equipamentos completamente diferente dos clientes de data centers tradicionais, fazendo com que os fabricantes de data centers para esse segmento continuem a desenvolver versões cada vez mais eficientes dos seus produtos. Esse é um dos setores que mais cresce, devido à grande procura por parte dos provedores de cloud. Segundo estudos do Gartner, trata-se de um mercado mundial de US$ 5 bilhões, que representará 24% do setor de data centers em 2019.

O faturamento dos provedores de cloud computing, que tinha recuado 9,6% em 2015, cresceu 5,6% em 2016 e deve aumentar 19,6% neste ano, conforme estimativas do Gartner. A explicação é que as empresas estão evitando gastar com a compra de servidores, manutenção e atualizações de equipamentos de infraestrutura. Dessa forma, colocar os dados na nuvem é uma alternativa para reduzir custos rapidamente. Esse efeito GAFA está sendo ampliado pela tendência do cloud 3.0, onde tudo é entregue como um serviço. Os centros de dados em nuvem estão se movendo para um ambiente onde os clientes não veem mais os servidores; seus aplicativos são executados pelo mecanismo de controle e podem mudar de zonas ou regiões sem que o cliente perceba qualquer coisa.

Os clientes do hiperescala são mais exigentes. Eles não querem os mesmos serviços que os operadores de data centers corporativos tradicionais oferecem. Eles exigem maior capacidade computacional para armazenar dados de carros elétricos, biometria a aplicações para serviços de saúde.

Vamos analisar quando Google, em 2010, revelou que precisava implantar 100G dentro de seus data centers rapidamente. A empresa patrocinou o acordo multissetorial 10x10 Multisource Agreement (MSA) para links de 2 km como uma alternativa ao IEEE’s 100 Gigabit Ethernet 100GBase-LR4, que foi baseado em tecnologias que estavam mais longe de prontidão comercial. O 10x10 foi uma abordagem transitória e um dos numerosos módulos ópticos MSAs desenvolvidos para 100G de alcance óptico dentro do data center.

Hoje, várias opções já estão sendo desenvolvidas em torno de taxas de dados de próxima geração dentro de data centers. Google e Microsoft estão considerando uma mudança para o 200G nos seus centros. Usando uma tecnologia que está prestes a ser lançada comercialmente, a quatro canais a 50 Gbit/s com modulação PAM-4, as empresas de cloud poderiam economizar uma quantidade de energia considerável por bit. A dissipação de energia do módulo 200G é de apenas 4,5W, em comparação com 3,5W da 100G.

O Facebook, por outro lado, não vê nenhuma necessidade de dar um passo intermediário e está planejando migrar e ir direto para 400G, quando a tecnologia estiver pronta, saltando do 100G para redes com capacidade quatro vezes maiores. A fragmentação do mercado é um problema para os fornecedores de componentes ópticos. Os componentes que estão sendo desenvolvidos são, muitas vezes, nuvem específica e não têm aplicações fora desse espaço.

Para alcançar margens de lucro confortáveis, os fornecedores de fibra óptica precisam desenvolver produtos para um segmento de aplicação mais amplo do que apenas um cliente, mesmo que seja para uma hiperescala.