Controle de acesso via IP


O artigo aborda os principais benefícios da migração dos sistemas de controle de acesso analógico para os digitais, incluindo a redução dos custos de instalação e facilidade de configuração e gerenciamento. Sem a necessidade de executar o cabeamento para uma unidade de controle ou servidor central, os dispositivos baseados em IP permitem instalações não proprietárias, flexíveis e escaláveis.

Axis Communications

Data: 25/09/2016

Edição: RTI Setembro 2016 - Ano XVI - No 196

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Fig. 1 - Sistema de controle de acesso legado típico desenvolvido com base em uma tecnologia proprietária

O vídeo em rede revolucionou o mundo do CFTV. Hoje, a indústria de controle de acesso está numa migração similar e, novamente, a direção é a transição para os sistemas baseados em TCP/IP.

Desde a introdução da primeira câmera IP em 1996, os sistemas de videovigilância em rede digital se desenvolveram rapidamente e oferecem, agora, uma grande variedade de recursos avançados que nunca existiriam na tecnologia analógica. Os distribuidores e integradores, assim como usuários finais, habituaram-se a esperar por inúmeras funcionalidades, como acessibilidade remota, imagem de alta qualidade, recursos de vídeo inteligente e gestão de eventos, em conjunto com a facilidade de integração, melhor escalabilidade, maior flexibilidade e custo–eficiência.

IP versus controle de acesso tradicional

A migração dos sistemas de controle de acesso para um ambiente digital certamente trará muitos benefícios. Entre eles estão a redução dos custos de instalação e facilidade de configuração e gerenciamento, além de oferecer flexibilidade para os sistemas e propiciar a integração com outros produtos de segurança.

Obviamente, a tecnologia IP não é totalmente desconhecida ou nova na indústria de controle de acesso. Contudo, os sistemas existentes não exploram plenamente as vantagens do IP.

Fig. 2 - (a) Instalação tradicional com uma unidade central e cabeamento proprietário para os acessórios da porta; (b) solução IP com switch de rede

Normalmente, um sistema de controle de acesso depende das características de cada dispositivo (leitor de cartão, maçaneta, trava da porta, chave de posição da porta, etc.) conectado por meio de um cabo RS-485 até uma unidade ou servidor central. Além de serem sistemas proprietários, que limitam o usuário final a um único provedor de hardware e software, essas soluções, frequentemente, tendem a ser muito complexas e exigir equipes especializadas para lidar com a instalação e configuração.

Além disso, o processo de expansão dos sistemas analógicos tradicionais é complicado, já que é necessário considerar que um controlador central típico deve ser criado para acomodar um determinado número máximo de portas, tipicamente 4, 8, 16 ou 32. Essa limitação não apenas torna o sistema inflexível como também dificulta para o usuário final compatibilizar as suas necessidades com os produtos disponíveis, caso seja preciso, por exemplo, sistemas de controle de acesso de 9 ou 17 portas. A falta de flexibilidade pode tornar custosa a adição de uma porta extra.

Sistemas básicos

Normalmente, os sistemas e produtos de controle de acesso convencionais são projetados e otimizados para grandes instalações, com muitas portas e talvez milhares de credenciais. Na verdade, o mercado atual parece muito diferente. De acordo com o relatório “Sales & Security Integrator gold report (2013)”, uma instalação média exige 10 portas e tem, aproximadamente, 128 credenciais. Apenas cerca de 20% das instalações têm mais de 10 portas.

Sem a necessidade de executar o cabeamento para uma unidade de controle ou servidor central, os sistemas baseados em IP permitem instalações não proprietárias, flexíveis e escaláveis. Isso significa não apenas uma solução mais versátil, mas também uma melhor relação custo–eficiência. Sem restrições de ampliação do sistema em múltiplos determinados, um sistema baseado em rede pode ser ampliado de acordo com a necessidade do usuário.

O TCP/IP habilita soluções de borda, que contam com um controlador para cada porta, o qual é conectado à Ethernet local existente via um switch de rede comum. Como as redes IP são agora onipresentes em escritórios, lojas e fábricas, o custo da adição de um controlador de porta baseado em IP será mínimo, ao contrário de múltiplas conexões seriais com fio para um servidor central. O trabalho de cabeamento pode ser facilitado ainda mais. Ao utilizar um controlador com PoE - Power over Ethernet em cada porta, a necessidade de cabos de energia separados para os equipamentos da porta, como travas e leitores, pode ser eliminada. Isso reduz o custo total da instalação. Além disso, o suporte para UPS evita backups com baterias nos dispositivos da porta.

Sistemas grandes e mais avançados

A transição para soluções baseadas em IP tornará a implementação dos sistemas de controle de acesso muito mais atrativa. Isso resolverá muitas limitações dos sistemas tradicionais existentes, além de trazer funcionalidades adicionais além do controle de porta convencional. A integração com vídeo é um exemplo comum e que será atendida com mais facilidade com as soluções baseadas em IP. Na verdade, um ambiente digital padronizado comum tem potencial para criar inúmeras oportunidades de integração de outros sistemas, como detecção de intrusão e fogo, com soluções gerenciáveis e de interface amigável.

Fig. 3 - Possíveis integrações entre um sistema de controle de acesso e de videovigilância em rede e outros aplicativos de terceiros baseados em IP

Exigências de alta segurança não tornam o sistema menos gerenciável. De forma contrária, os dispositivos de controle de acesso baseados em IP habilitam o gerenciamento remoto, que é claramente uma vantagem em instalações muito grandes ou dispersas. Essa capacidade também facilita e simplifica a configuração, teste e verificação de um sistema totalmente ou parcialmente novo, uma vez que os ajustes podem ser feitos a partir da conexão de rede mais próxima.

A implantação desses sistemas, independentemente do seu tamanho, é, portanto, mais rápida e menos trabalhosa do que a de um sistema analógico semelhante. A “inteligência” distribuída os tornam menos vulneráveis às interrupções de energia e falhas da rede. O UPS e o armazenamento de eventos em buffer local, com a comunicação criptografada, contribuem para o mais alto grau de confiabilidade e segurança.

Benefícios das normas

Fig. 4 - Exemplo de um sistema de controle de acesso não proprietário

Assim como no mercado de videovigilância, uma mudança para IP na indústria de controle de acesso vai significar uma transição de sistemas proprietários para soluções abertas, as quais serão baseadas em normas internacionais.

Soluções abertas e de interfaces padronizadas são um pré-requisito para qualquer indústria que deseja estabelecer seu próprio sistema plug and play. Existem muitos ganhos desse desenvolvimento também no controle de acesso. Isso permitirá que os usuários finais possam livremente selecionar e escolher os componentes (leitor, controlador de porta e software). Essa liberdade torna o sistema à prova de futuro e significa que o usuário final não tem mais que depender de uma única marca ou fornecedor. Igualmente importante, isso habilita a integração com outros sistemas relacionados à segurança e aplicativos de terceiros, sem a necessidade de hardware de alto custo para fazer a “ponte” entre os diferentes sistemas.

No mercado de sistemas de segurança de rede já existe uma tendência clara para desenvolver interfaces de plataformas de aplicativos (APIs) padronizadas ou abertas que podem ser usadas por todos os fornecedores com base em termos justos, razoáveis e não discriminatórios. Naturalmente, isso vai aumentar a oferta e promover a concorrência, trazendo um novo nível de inovação para a indústria.

Por exemplo, o ONVIF, um fórum global sobre normas industriais abertas para facilitar o desenvolvimento e o uso de produtos de segurança baseados em IP, anunciou em 2010 uma extensão do escopo de padronização para cobrir o controle de acesso físico. Idealmente, os dispositivos de controle de acesso de fabricantes que atendem aos padrões ONVIF estarão, num futuro próximo, interoperando sem esforço e sem problemas uns com os outros, bem como com outros sistemas e produtos de videovigilância, em conformidade com o padrão.

Novas oportunidades de negócio

Os sistemas de controle de acesso baseados em TCP/IP trarão novas oportunidades de negócios. Os integradores, por exemplo, apreciarão a facilidade de instalação e a possibilidade de integração do controle de acesso com outros sistemas. Os distribuidores encontrarão novos mercados e clientes quando estiverem livres para reunir diferentes componentes de diferentes fabricantes para criar ofertas de negócios úteis e atrativos. Por último, os clientes finais poderão aproveitar as vantagens de uma tecnologia flexível, adaptável, acessível e à prova de futuro que pode ajudar a garantir e proteger ativos valiosos.